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Antiga estação de Barbacena - cerca de 1880 (reprodução - autor desconhecido)

Barbacena está situada junto ao leito da antiga Estrada de Ferro Pedro II - E.F.P.II - (posteriormente à Proclamação da República denominada Estrada de Ferro Central do Brasil - E.F.C.B.) no krn 378,192 (bitola larga de 1,60rn) da linha do centro, que liga Rio de Janeiro a Belo Horizonte.

A marca da passagem da E.F.P.II em Barbacena pode ser vista nas inscrições do viaduto do Pontilhão (ex-Viaduto da Boa Vista).

Composição da EFCB sobre o Viaduto da Boa Vista, com destino a Conselheiro Lafaiete (reprodução - autor desconhecido)O Jornal Tribuna da Mantiqueira, edição de 21 de fevereiro de 1979, informa-nos que o “Pontilhão” ficou conhecido na toponimia urbana e causou preocupações ao próprio Imperador D. Pedro II, que ao visitar Barbacena em 28 de março de 1881 anota em seu Diário: "O Viaduto da Boa Vista ao sair de Barbacena tem a cabeça do lado oposto e está rachado, segundo disse-me Ewbanck da Câmara. Há aterros, e consideráveis, onde podem ir o leito do nível à pouca distância, exigindo a má direção revestimentos de pedra dispendiosos. Aterros abatidos e um deles de tal forma que exige que o leito tome outra direção ao lado.”

Os trilhos da E.F.P.II partiram do Rio de Janeiro em 1858 e chegaram a esta cidade em 1880.Em 1895 chega à Capital Mineira, porém com o nome de Estrada de Ferro Central do Brasil.

Segundo Max Vasconcellos em seu livro intitulado “Vias Brasileiras de Comunicação”, edição de 1928, o objetivo da E.F.C.B. era ligar a Capital Federal (RJ) a Belém do Pará, via região central brasileira, o que não fora concluído, tendo a obra sido paralisada próximo a Pirapora (MG) - (km 1005,940).

A construção

Chegada dos trilhos da EFCB em Barbacena (reprodução)O Eng. Henrique Durnont, pai de Santos Dumont, foi empreiteiro do trecho João Ayres (km 351,354) / Barbacena.

A Estação Ferroviária original foi inaugurada em 27 de junho de 1880, sob a administração do Eng. Herculano Veloso Ferreira Pena, sendo sido demolida posteriormente.

Por ser o ponto culminante do trajeto RJ-BH , 1.166m de altitude, em relevo acidentado, pode-se afirmar que os construtores deste trecho foram verdadeiros heróis.

A ampliação

Em 1881 a ferrovia chega a Carandaí (km 419,652), passando pelas estações de Sanatório (km 379,869), Alfredo Vasconcelos (km 389,523), Ressaquinha (km 402,457) e Hermilo Alves (km 410,130).

Em 15 de novembro de 1931 foi inaugurada a imponente estação, construída pela firma Dolabela, Portela & Cia, que permanece até os dias atuais. Segundo Altair José Savassi em seu livro intitulado “Barbacena 200 Anos”, Volume 1, a Estação de Barbacena é, sem dúvida, no trecho Rio de Janeiro-Belo Horizonte, uma das melhores estações da Central do Brasil.

Cidade Polo - entroncamento Central do Brasil / Oeste de Minas

Composição da Estrada de Ferro Oeste de Minas, estacionada em Barbacena, por volta de 1935. A linha que ligava Barbacena a Campolide foi erradicada em 1964. (reprodução - autor desconhecido)Em 19 de novembro de 1910, autorizado pelo Mal. Hermes da Fonseca, e, sendo Ministro da Viação o Dr. Francisco Sã, foi assentada a primeira estaca da construção do Ramal da Estrada de Ferro Oeste de Minas - E.F.O.M - em bitola de 0,76m, entre a localidade de Ponte Nova (atual Campolide) e Barbacena. Os trabalhos inaugurais da Linha da Oeste tiveram início em 5 de setembro de 1912. Em 17 de março de 1923, Barbacena é também um dos pontos iniciais da E.FO.M com seus 723km de extensão. Chega a esta cidade o primeiro comboio da E.F.O.M., conduzindo os diretores daquela Estrada de Ferro. Compareceram a esta inauguração Dr. Francisco Sá (Ministro da Viação), o Dr. Fernando de Melo Viana (Secretário de Interior e representante do Dr. Raul Soares de Moura - Presidente do Estado de Minas Gerais), dentre outras autoridades da época.

Logotipo da Estrada de Ferro Oeste de Minas (reprodução)A E.F.O.M. possuía em Barbacena uma estação provisória. Em 1931, passa a funcionar no mesmo prédio da E.F.C.B.

Em 30 de setembro de 1964, parte da Estação Ferroviária de Barbacena o último comboio da E.F.O.M, com destino à São João del Rei, obedecendo a um Plano de Erradicação de Ramais Deficitários, justificando ainda, que, Barbacena já estava ligada à São João Dei Rei por via rodoviária com um trecho menor (56 km), contra 96 km por via férrea.

Em 1950 é inaugurada a “Variante “, entre as estações de Barbacena e Carandaí (via Estação de Eng. Simão Tamm - km 409,678), já que o traçado original, via Ressaquinha, era muito sinuoso e de rampas fortes.

Antiga estação do Sanatório (foto: Cláudio Bomfim)Do traçado original, entre Barbacena e Carandaí, existem, hoje aproximadamente 2km, entre a Estação de Barbacena e o Terminal de Cimento Holdercim. Vale lembrar que, onde se encontram as instalações do Terminal de Cimento Holdercim, existia a Estação Ferroviária do Sanatório, posteriormente denominada Estação Bias Fortes (1º de dezembro de 1892 - 26 de junho de 1989), que foi demolida sem deixar vestígios. Até os paralelepípedos da ladeira de acesso à Estação Sanatório foram retirados.

Atualmente, todo o tráfego ferroviário entre RJ-BH, é feito pela “Variante”. Ainda é possível ver o que foi o traçado original da E.F.C.B. entre Barbacena e Carandaí. Após a cidade de Alfredo Vasconcelos, direção BH, observe os cortes da ex-Ferrovia no lado esquerdo da rodovia.

Por aqui trens de passageiros e cargas fizeram e marcaram nossa história. A saber:

Bilhete de passagem do Trem Noturno "Vera Cruz", entre Barbacena e D. Pedro II (km 0 da EFCB-RJ).1 - O famoso Trem de Passageiros VERA CRUZ, O Noturno, com seus carros luxuosos e requintados ligava Rio de Janeiro a Belo Horizonte. Inaugurado em 1949 e suspenso durante os anos de 1976 a 1980, fez sua última viagem em 1991.

2 - A Litorina que era urna espécie de bonde ferroviário era outra alternativa de transporte ferroviário, gran luxo, entre a Cidade Maravilhosa e a linda Capital Mineira.

3 - O Trem de Passageiros Baiano, que desconfortavelmente conduzia os imigrantes nordestinos entre Belo Horizonte e São Paulo, suprimido “até Segunda Ordem” em Fevereiro de 1979.

4 - O Trem de Passageiros Misto, que nos finais de semana, servia a população barbacenense num passeio turístico entre a Cidade das Rosas e Cabangu, segunda residência do Pai da Aviação.

5 - Os famosos trens a vapor N-1, N-2, R-1, R-2.

Todos, sem exceção, já não fazem parte do nosso dia a dia. Podemos dizer que Barbacena também, perdeu o trem! Mas, se vimos os Trens de Passageíros desaparecerem contemplamos agora composições imensas (cada vez maiores) conduzindo o Minério de Ferro com destino a diversas partes do mundo, utilizando os “Caminhos de Ferro” via Barbacena.

Por aqui, ainda são muito comuns trens de minério, cimento, produtos procedentes das siderúrgicas. Passam e lembram que o Brasil (ainda) precisa do trem.

Automotriz ED-11 estacionada em Barbacena em 1991. Foto de Cláudio Bomfim.

Composição similar ao Trem de Passageiros "Baiano", que circulava entre BH-SP, suprimido até segunda ordem em 1979, após uma chuva na Capital Mineira.

Composição idêntica ao Trem de Passageiros "Misto", que ligava Conselheiro Lafaiete a Santos Dumont, via Cabangu. Foto: Cláudio Bomfim.

A Texas 903 passa com um cargueiro pela Estação de Barbacena, por volta de 1950, rumo a Santos Dumont (foto Carlheinz Hahmann, acervo da ABPF-RJ - reprodução)

Atualidade

Obedecendo ao Plano de Privatizações do sistema ferroviário as linhas que outrora pertenceram a Estrada de Ferro Central do Brasil (linha do centro e ramal de São Paulo), que estiveram sob a gerência da RFFSA até novembro de 1996, estão arrendadas à MRS Logística.

Por aqui não circulam trens de passageiros.

Maiores informações: Estação Ferroviária de Barbacena: 32 3331-3456

Vamos nos unir e fazer algo enquanto é tempo. Diz a lenda que certa vez houve um grande incêndio na floresta e que o pardal vendo o beija-flor levar uma gota de água em seu bico assim se posicionou:

- Que absurdo! Você querer apagar um incêndio como esse com uma atitude tão insignificante. Eu jamais faria algo assim.

Então, o beija-flor lhe respondeu:

- Ora, o que importa é que estou fazendo a minha parte. Se outras procurassem fazer a sua, quem sabe poderia nos restar alguma esperança?

O Trem

Um avô conta,
Como conta um avô,
Que o trem um dia já foi rei.

Na mesma linha,
Hoje, do minério -
Só de carga,
Seguia a fumacenta,
Arrastando risos e esperanças.

Nas janelas colavam olhos,
Nos bancos sentavam ternos,
Nas cabeças iam chapéus e,
Envolvendo tudo,
O guarda-pó.

Nas ribeiras tudo parava e,
Que pena!
Tão rápido.
Hoje o trem longo e
Que raiva!
Tão lento.

Antes era Rio,
Era São Paulo,
Eram todos os lugares.
Hoje é só carga,
Que as cidades ignoram e
De soslaio viram as costas.

Pois o trem,
Do avô,
Não existe mais.

Eduardo Gonçalves David
Juiz de Fora - 1979

Barbacena e o Trem no Cinema

O Assalto ao Trem Pagador (1962). Diretor: Roberto Farias. Composições como a mostrada no filme passaram por Barbacena.

O Grande Mentecapto (1987). Diretor: Oswaldo Caldeira. Cenas filmadas na Estação de Barbacena.

Erotique (1993). Diretora: Ana Maria Magalhães. As cenas filmadas em Barbacena dão destaque ao antigo “Trem Vera Cruz”.

Outras Estórias. Pedro Bial. Baseado em Guimarães Rosa, faz referência a "Trem de Doido".

O Trem na Música

Trenzinho Caipira - Heitor Villa-Lobos

Trem das Onze - Adoniran Barbosa

Naquela Estação - João Donato, Caetano Veloso, Ronaldo Bastos

Trem Bala - João Bosco, Antônio Cicero, Wally Salomão

Trem de Lata - Almir Sater, Renato Teixeira

Expresso 2222 - Gilberto Gil

Trem das Cores - Caetano Veloso

OTrem Atrasou - A. Volarinho, E. Silva, Paquito

O Trem das Sete - Raul Seixas

Trem do Pantanal - Geraldo Roca - Paulo Simões

Ponta de Areia - Milton Nascimento

Curiosidades

Segundo o Jornal Cidade de Barbacena, de 31 de julho de 1898 havia uma ligação da Estação Ferroviária até o Hotel Americano (local onde hoje se encontra o Supermercado Sales - próximo à Policlínica Maternidade) feita por bondinhos puxados à mula, seguindo o trajeto da Rua 7 de Setembro.

Mariano Procópio Ferreira Lage (1821 - 1872) foi o terceiro diretor da E.F.C.B. Natural de Barbacena, dirigiu a E.F.C.B. no período de 14 de janeiro de 1869 a 14 de fevereiro de 1872.

Trem em Marcha

Vamos nos unir para que o leito da E.F.O.M. seja preservado em sua forma do tempo da ferrovia. Nada de asfalto. Contamos com você, internauta, e com as autoridades constituídas.

Associação dos Amigos do Trem de Barbacena

Este espaço, amigo (a) internauta, é para que você se manifeste com sua sugestão, ajuda, etc. Envie-nos um e-mail utilizando-se do formulário no fim da página.

Bibliografia

BOMFIM, Cláudio Luiz Nascimento. “Notas e Coleções - Memória do Trem”. Barbacena: 1985.

DAVI, Eduardo Gonçalves. “127 Anos de Ferrovia”. Juiz de Fora: editado pela Associação de Engenheiros da E. F. Central do Brasil, 1985.

SAVASSI, Altair José. “Barbacena 200 Anos”. Belo Horizonte: Editora Lemi, 1991.

SETTI, João Bosco & COELHO, Eduardo J.J. “A Era Diesel na EFCB”. Rio de Janeiro: editado pela Associação dos Engenheiros Ferroviários, 1993.

VASCONCELLOS, Max. “Vias Brasileiras de Comunicação - A Estrada de Ferro Central do Brasil, Linha do Centro e Ramaes”. Rio de Janeiro: Editora Pimenta de Mello & C, 1928.

NOMINATA DAS ESTAÇÕES - EFCB - Apostila. RJ: 08-07-1953.

ARQUIVO DA ACADEMIA BARBACENENSE DE LETRAS (fotos, recortes, livros, etc) 2001.

CARVALHO, Daniel de. “De outros tempos”. Rio de Janeiro: Editora José Olímpio, 1961.


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