WeBcena

Rodovia MG 265, km 5
CHPB
36200-000 - Barbacena - MG
32-3332-1477
Horários para visitação:
segunda a sexta, 08:00h às 12:00h e de 13:00h às 18:00h

 

Posto assim está, entre revezes.

Dor da dor, dor da angústia, da tragédia do viver, do abandono, essa casa há de dizer do lado terrível, mas também humano. Testemunho da impossibilidade (ou da possibilidade). Isolados no solo em gélidas pedras derradeiras, encurralados, feridos, fétidos, no ermo sem fim das madrugadas, na noturna solidão dos tempos esses irmãos nos tecem sua face, seu canto, o grito, a vida. E no silêncio das auroras nos condoem na tristeza do seu olhar.

Fundo, abissal na desumanidade, na desolação profunda.

E irreversível.

Meritória hora, essa, que resgatam-se fragmentos desse universo condoído. Para que dele saibamos um pouco, ao menos. E que a todos nós possa dizer - nos ensinar e comover - que ele existiu um dia, que seres ali viveram, olharam parcos e vagos nos vazios e, quem sabe, se entreolharem doces e puros mesmo nas trevas e nas desesperanças.

Carlos Bracher
1996

Exorcizando uma tragédia

Inaugurado no dia 16 de agosto de 1996, o Museu da Loucura integra um ambicioso plano de resgate da memória histórica de Barbacena, através do Projeto Memória Viva - desenvolvido pela Fundação Municipal de Cultura de Barbacena - FUNDAC e financiado com recursos da Prefeitura Municipal de Barbacena. No Torreão do antigo Hospital Colônia de Barbacena, hoje totalmente restaurado e adaptado para finalidades culturais, é contada uma história de quase um século de sofrimentos, estigmas e exclusão.

Através de objetos, documentos, fotografias, sons e imagens, o Museu da Loucura faz um relato dos caminhos e descaminhos do tratamento psiquiátrico estabelecido em Minas Gerais desde 1900, quando foi criada pelo governo Francisco Sales a Assistência aos Alienados de Minas Gerais.

O Museu da Loucura, resultado de um convênio entre a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - Fhemig e a Fundac, nada mais é que um tributo às dezenas de milhares de vitimas do lendário Hospital Colônia de Barbacena.

A Cidade dos Doidos

Até o início do século XIX a atenção aos doentes mentais no Brasil não existia. O primeiro hospital psiquiátrico do pais foi o D. Pedro II, no Rio de Janeiro, criado em 1841.

Em Minas Gerais, eram porões das Santas Casas como as de São João del Rei e Diamantina que recebiam os loucos. Em 1900, o governo estadual criou a Assistência aos Alienados de Minas Gerais. Sem recursos para construir seu Hospital Central, o primeiro diretor da Assistência, Dr. Joaquim Dutra indicou então a Cidade de Barbacena para sediar o Hospital utilizando o prédio de um sanatório particular fechado anos antes. Durante 30 anos o Hospital Colônia de Barbacena funcionou de forma aceitável. Gradativamente veio a superlotação. Pacientes de toda parte eram abandonados em Barbacena, chegando às dezenas nos “trens de doidos”. Sem estrutura para receber sua crescente população, o Hospital Colônia se transformou em um verdadeiro depósito de rejeitados. Calcula-se que mais de 60 mil pessoas morreram aqui.

Em cinco salas do prédio histórico onde está o Museu, são mostradas curiosidades como o primeiro telefone instalado em Barbacena, no antigo Sanatório, o livro de registros com o nome do primeiro paciente e ainda descrição de formas de tratamento e instrumentos usados nos primórdios da psiquiatria no Brasil.

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