Geraldo
França de Lima, filho de Alfredo Simões de Lima e
D. Corina França de Lima, nasceu a 24 de abril de
1914, em Araguari, Minas Gerais. Com sua mãe
aprendeu a ler e a escrever, tendo no grupo escolar
acabado o curso primário. Inocência, do
Visconde de Taunay, recomendado por seu pai, foi o
livro que primeiro leu (antes de completar onze
anos). Mais tarde, em 1929, seguiu para Barbacena
para estudar no Internato do Ginásio Mineiro, onde
permaneceu cinco anos e de cuja biblioteca foi dos
mais assíduos freqüentadores, o que lhe valeu um
prémio: a edição principe da famosa História da
Literatura Brasileira de Sílvio Romero. Seu primeiro
escrito versou a descrição da viagem, pela antiga
Estrada de Ferro Oeste de Minas, de Uberaba até Belo
Horizonte, que demandou cinco dias e quatro noites
trabalho publicado no jornal Araguari. No último ano do curso
ginasial, conta o autor, jovens intelectuais do
colégio, que insistiam em ser desabusados e
impertinentes, reuniam-se num grupo literario, que,
paradoxalmente, no bom gosto mineiro, se chamou A
Arcádia. Geraldo França de Lima integrou esse
grupo, recebendo de seus colegas a incumbência de
fundar e de dirigir um jornal, O Kepi. que
se tornou famoso em Barbacena. Nesse jornal
apareceram seus primeiros escritos poesias.
Naquele tempo, todavia, um acontecimento lhe marcaria
para sempre e definitivaniente a vida:. conheceu João
Guimarães Rosa.
No Rio, em 1934,
ingressou na Faculdade Nacional de Direito e obteve
seu primeiro emprego revisor de A Batalha,
de Júlio Barata, jornal onde, em novembro desse
mesmo ano, estreou na imprensa carioca como
articulista. Em 1935, Bastos Tigre acolhia-lhe as
poesias, publicando-as com destaque na revista Fon-Fon.
Longe, porém de se tornar escritor, Geraldo França
de Lima seria sobretudo um inveterado freqüentador
de livrarias e de bibliotecas. Formado em 1938,
advogou alguns meses em Araguari, de onde se
transferiu para Belo Horizonte. Foi então nomeado,
pelo governador Benedito Valadares, professor
público em Barbacena.
Nessa cidade, durante
a Segunda Guerra Mundial, conheceu Georges
Bernanos, de
quem se tornou amigo e confidente. Do apreço de
Bernanos por ele falam as dedicatórias recebidas,
das quais esta é bem expressiva: À Geraldo de
Lima, le fidèle ami des mauvais jours, qui le
restera dans les jours heureux.
Em 1951 retornou
definitivamente ao Rio, reaparecendo na imprensa (Diário
de Notícias) com o poema Saudades Sugeridas.
Em 1960, Paulo Ronái abre-lhe as colunas da revista Comentário,
publicando o artigo Com Bernanos no
Brasil.
O ano de 1961, no
entanto, levaria Geraldo França de Lima para o mundo
das letras. O caso foi simples: almoçando em casa do
amigo, Guimarães Rosa encontrou na escrivaninha os
originais de um romance, que conhecia de nome, mas
que até aquele momento não vira: Uma Cidade na
Província. O escritor temia mostrá-lo. Rosa
levou-os consigo, e tanto se entusiasmou que lhe
mudou o nome para Serras Azuis, e
providenciou-lhe a publicação, indo pessoalmente
procurar o editor Gumercindo Rocha Dórea.
Espontaneamente, para surpresa de todos, Guimarães
Rosa na tarde do lançamento na Livraria Leonardo da
Vinci, a 2 de junho de 1961, pediu a palavra,
pronunciando longo discurso em que, depois de ter
historiado a sua amizade com Geraldo França de Lima,
fazia a apologia do romance, O sucesso alcançado
pelo livro valeu ao escritor o Prêmio Paula Brito de
1961, da Biblioteca Pública do Estado da Guanabara.
Em 1969 a União Brasileira de Escritores conferiu a Jazigo
dos Vivos o Prêmio Fernando Chinaglia como o
melhor romance do ano, e em 1972 o Conselho Estadual
de Cultura do Estado da Guanabara concedeu a Geraldo
França de Lima o Prêmio Paula Brito, Ficção,
destinado a conjunto de obra.
De Serras Azuis
para cá, como observa Otávio de Faria, em artigo
para o Jornal do Comércio, a carreira do romancista
tem sido uma sucessão de triunfos.
Geraldo França de
Lima, que tem viajado pela África e pela Europa, é
professor efetivo do Educandário Rui Barbosa,
coordenador da cadeira de literatura da Seção
Tijuca do Colégio Pedro II, e professor de
literatura dos cursos da Biblioteca Nacional, de que
é titular o acadêmico Josué Montelio.
Geraldo França de
Lima é casado com d. Ligia Bias Fortes da Rocha
Lagoa Lima.
Texto:
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