Nasceu em Barbacena em 27 de
junho de 1891. Em
1906 vai para Petrópolis, para prosseguir seus
estudos.
Em 1912 muda-se para o
Rio de Janeiro. Voltando a Barbacena, leciona em
varios colégios. Casa-se, em 1919, com Marieta
Liberal Armond, tendo cinco filhos.
Faleceu em 12 de
dezembro de 1958, em Belo Horizonte, vindo a ser
sepultado em Barbacena.
Obras:
- lgnotae Deae - 1917
- Perante o Além - 1921
- Sombra e Saudade
- Sunt Voces
- Milagre das Rosas
- Les Voix et Les Bonheurs - 1932
- Era uma vez... 1922 - (peça representada em
teatros)
- Saudade
- Os Caminhos da Vida e do Destino - inédito
O Poeta é Patrono da Cadeira nº 18 da Academia
Barbacenense de Letras e ocupou a Cadeira nº 38 da
Academia Mineira de Letras.
O
VOS OMNES
A Ivan Lins
Vos outros, que passais pelas sendas do mundo
Parai! ... Vede se há dor igual a minha dor!
Atentai no que sou! Olhai meu dó profundo!
Piedoso, contemplais esta mágoa, este
horror!
Com prantos de aflição, os altares inundo
de Brama e de Jeová, de Buda e Cristo e
Thor...
Contra mim decretou o destino iracundo
Negando o almo dom de encontrar-te, Senhor.
Tudo quanto criei, da arte heril nos
orgasmos,
Sonhos, ânsias, paixões, ternura,
entusiasmo,
tudo! ... tudo morreu na treva que baixou!
Por que nao consegui realizar-te, Esperança?
E em vez de te alcançar, Rosa-Mística
expansa,
apenas pude ser o vencido que sou?
NOTA: Partindo do Canto da
Verônica, apresentado nas
comemorações da Paixão, o poeta brada sua
lancinante indagação.
(Publicado no Jornal Cidade de Barbacena de
08 de
junho de 1991)
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PER
NON SOFFRIR COSÍ, VORREI MORIRE...
Morrer! por que morrer? será justo morreres
enquanto em torno a ti a Vida tumultua
e o sol rutila, e o vento geme, e encanta o
luar?
Elo vivo e real da cadeia de seres
que a Terra-Mãe teceu e que o Amor perpetua
por que a angústia da morte empana o teu
olhar?
Tudo, em redor de ti, conclama e exalta a
Vida:
a raiz quer ser flor, a flor sonha ser fruto
e o fruto se revê nos pomos que virão.
Por que, há-de, então, vibrar em tua voz
sentida
esse apelo ao não-ser? e em teus olhos o
luto
que é das Terras-do-Além a triste
antevisao?
Procura resolver a Equaçao Soberana...
Intenta penetrar o Karma do destino...
Que horizonte sem fim ante os olhos terás!
Não penses no terror que das lousas promana.
A morte não é mais que o minuto divino
em que paixão e dor hão-de ter calma e paz.
Não penses, pois, na Morte, olha: a Vida e
tão bela!
O ceu azul... Chopin... O
Bailado-das-Horas...
A agonia do Sol... a lua sobre o mar...
E quando Ela vier e tu saibas que é Ela
não a deixes sentir que tu tremes e choras!
Sorri à suave mão que teus olhos fechar.NOTA: Para
não sofrer assim, quero morrer é um
dos
momentos mais densos e pungentes na poétlca
armondiana, porque exprime em versos
lapidares
a mais certeira das dores.
(publicado no Jornal Cidade de Barbacena em
12 de dezembro de 1942)
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NATAL
É meia-noite... a chuva cai...
suavemente ela me embala.
O vento do Norte ruge como ciclone.
Que frio, Senhor! O negro de morte
se faz mais negro sob este aguaceiro.
Estou sem sono. Meu pobre quarto
estala e geme sob as rajadas....
Ó lembranças! chuvoso dezembro
agasalhado com chuviscos de âmbar,
qual dobre de finados tua voz
exala...
E eu os vejo, os doces fantasmas
que tu me trazes com tua mão...
Quem me dirá o que nós somos?
Sully-Prudhomme esvaneceu-se!
Albert Samain exauriu-se...
Natal! Natal! Vejo o presépio
- um sonho de ouro de Santo Elói.
Os círios puros dardejam suas
flechas.
Nos ruivos mochos, eis que ele
anuncia
o grande sino do velho campanário.
O sino dobra... Eu o escuto
e traduzo: Jamais!... Jamais!...
A vida? um buraco fechando a
estrada...
o coração que sangra, gota a gota,
e a dor na minha cabeceira...
Natal! Natal!... as ladainhas
vão subindo para o céu negro.
Ouço passos: alguém desafia a chuva
e vai procurar na cachaça,
no ruido do balcão, um pouco de
esperança...
Natal! Natal! Cantam os anjos!
Oh! os Reis Magos de joelhos!
... eles vão chegar, sombrios,
estranhos,
sonhos mortos que os versos dissipam,
olhos vagos voltados para nós...
Tradução de Zilda Moreira de
Castro, feita em 28/11/91, da
poesia "Noel" de Honório
Armond, composta em 25/12/1926.
Nota - O poeta dedicou este poema, em
francês, à escrito-
ra Rosalina Coelho Lisboa.
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